Meningite: sinais de alerta e como a prevenção salva vidas
- drapatriciatiemi
- 6 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de out.
A meningite é uma doença que, embora não seja tão frequente quanto outras infecções da infância, preocupa bastante pela sua gravidade. Ela ocorre quando há inflamação das meninges — membranas que revestem e protegem o cérebro e a medula espinhal.
Essa inflamação pode ter diversas causas. As mais comuns são os vírus, como os enterovírus, responsáveis pela maioria dos casos em crianças e que geralmente apresentam evolução mais leve. As bactérias, como Neisseria meningitidis (meningococo), Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e Haemophilus influenzae tipo b (Hib), estão associadas às formas mais graves e exigem atendimento médico imediato. Também existem causas mais raras, como fungos, parasitas ou reações não infecciosas, relacionadas a doenças autoimunes ou ao uso de determinados medicamentos.
A importância de entender a doença
A meningite bacteriana é uma emergência médica. Pode evoluir rapidamente — às vezes em poucas horas — para quadros graves, como sepse e choque. De acordo com o Ministério da Saúde, a taxa de letalidade da meningite meningocócica pode chegar a 20% no Brasil. Mesmo entre as crianças que se recuperam, até uma em cada cinco pode apresentar sequelas permanentes, como perda auditiva, convulsões, dificuldade de aprendizado ou déficits motores.
Reconhecer os sinais precoces e buscar ajuda sem demora faz toda a diferença no desfecho da doença.
Quem está mais vulnerável
A meningite pode afetar pessoas de todas as idades, mas alguns grupos apresentam risco maior:
Bebês e crianças pequenas, que ainda têm o sistema imunológico em desenvolvimento.
Adolescentes e jovens, especialmente quando vivem ou estudam em locais fechados, como escolas, alojamentos e acampamentos.
Pessoas não vacinadas contra os principais agentes bacterianos.
Indivíduos com imunidade comprometida, seja por doenças crônicas, uso de medicamentos ou idade avançada.
Esses grupos devem receber atenção redobrada, especialmente em situações de surtos ou contato próximo com pessoas infectadas.
Como ocorre a transmissão
Nos casos bacterianos, a meningite se transmite principalmente por gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar. O contato direto com secreções de nariz ou boca aumenta o risco de infecção. Ambientes fechados, com aglomeração e pouca ventilação, favorecem a propagação. Muitas vezes, o agente infeccioso entra pelas vias respiratórias, se espalha pelo sangue e, então, atinge as meninges, provocando o quadro inflamatório.
Sinais que exigem atenção imediata
Os sintomas da meningite podem variar conforme a idade, mas costumam ter início súbito.
Nos bebês e crianças pequenas, é importante observar:
Febre alta repentina.
Irritabilidade ou sonolência incomum.
Dificuldade para mamar ou se alimentar.
Choro persistente.
Moleira abaulada.
Convulsões.
Nas crianças maiores e adolescentes, os sinais mais frequentes são:
Febre alta.
Dor de cabeça intensa.
Vômitos em jato.
Rigidez no pescoço.
Sensibilidade à luz.
Alterações no nível de consciência.
Manchas roxas na pele (petéquias), sonolência excessiva ou dificuldade para respirar são sinais de gravidade e indicam a necessidade de atendimento médico imediato.
Prevenção
A principal forma de prevenção é a vacinação. O Programa Nacional de Imunizações (PNI) oferece vacinas que protegem contra os agentes mais comuns da meningite bacteriana, como:
Haemophilus influenzae tipo b (Hib).
Meningococo C.
Pneumococo.
Além disso, adolescentes podem receber a vacina meningocócica ACWY, disponível em campanhas específicas, e existem opções adicionais na rede privada, como a vacina meningocócica B e esquemas ampliados contra o pneumococo.
Outras medidas também ajudam na prevenção:
Lavar as mãos com frequência.
Evitar compartilhar talheres, copos ou mamadeiras.
Manter os ambientes bem ventilados.
Nos casos confirmados de meningite meningocócica ou por Hib, pessoas que tiveram contato direto com o paciente podem precisar de antibióticos preventivos (quimioprofilaxia), conforme orientação médica.
O que fazer diante da suspeita
Ao perceber qualquer sinal sugestivo de meningite, não se deve esperar para ver se melhora. A criança deve ser levada imediatamente ao pronto atendimento. O tratamento é feito em ambiente hospitalar, com antibióticos administrados por via venosa e cuidados de suporte para estabilizar as funções vitais.
O tempo entre o início dos sintomas e o atendimento é determinante para o prognóstico. Quanto mais cedo o tratamento é iniciado, maiores são as chances de recuperação completa.
A meningite é uma emergência médica que exige informação, vigilância e ação rápida. A vacinação, a observação atenta aos sinais e a busca imediata por atendimento são as principais formas de proteger as crianças e garantir um desfecho favorável.
Caso tenha dúvidas sobre meningite, vacinas ou sinais de alerta nas infecções infantis, estou à disposição para orientar e acompanhar seu filho com segurança.
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Fontes:
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP)
Ministério da Saúde – Guia de Vigilância Epidemiológica
Organização Mundial da Saúde (OMS)
Sáfadi MAP et al. Meningococcal disease: epidemiology and prevention in Latin America. J Infect Public Health, 2020




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